quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Guarani Kaiowá VITÓRIA!

 

SUSPENSA SAÍDA dos Guarani Kaiowá VITÓRIA!
Liminar que determinava saída dos Guarani Kaiowá em MS é suspensa

AGORA É LUTAR PELA DEMARCAÇÃO


Início de uma vitória do Povo Guarani Kaiowá com a ajuda de todos que se envolveram e pressionaram o governo através das redes sociais e atos de apoio pelo Brasil todo.

Vitória Garani

domingo, 28 de outubro de 2012

ENEM 54% são negros e indígenas = População Brasileira é de 51%

Enem pós-Lei de Cotas tem 54% de negros e indígenas

 

Na primeira edição do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) após a aprovação da Lei de Cotas, 54% dos inscritos são pretos, pardos e indígenas. Essa proporção é muito próxima à da população brasileira em geral, que é de 51%. A cor da pele é um dos critérios previstos na nova lei.

O Enem ocorre no próximo fim de semana, dias 3 e 4, com 5.791.290 inscritos. Trata-se da maior edição do exame, que nasceu como avaliação da última etapa da educação básica e se tornou vestibular em 2009. Atualmente, a nota do exame é o caminho de ingresso para quase todas as universidades e institutos federais.

Entre os 5,7 milhões de inscritos, 1,5 milhão terminou este ano o ensino médio. Desse grupo específico, 80% (mais de 1,2 milhão) vêm da escola pública e poderão se beneficiar da reserva de vagas que a lei garante.

Em 2013, 12,5% das vagas nas federais deverão ser ocupadas por alunos da rede pública. Em quatro anos, a taxa deve chegar a 50%. As universidades ainda precisam respeitar critérios econômicos (com reserva para candidatos com renda familiar de 1,5 salário mínimo per capita) e raciais para a distribuição das vagas - no caso racial, terá de seguir a proporção da população por Estado. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

 

Foto 1 de 11 - Mais de 5,7 milhões de estudantes devem realizar as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2012 nos dias 3 e 4 de novembro. O coordenador de vestibular do Anglo, Alberto Francisco do Nascimento, selecionou dez dicas que podem ajudar os candidatos a obter um bom resultado no exame. Confira as dicas do professor nas próximas páginas Mais Rodolfo Buhrer/UOL

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2012/10/28/enem-pos-lei-de-cotas-tem-54-de-negros-e-indigenas.htm

sábado, 27 de outubro de 2012

O Contestado - Restos Mortais

 

 

Sylvio Back volta a investigar a Guerra do Contestado

Depois de quatro anos de guerra, envolvendo milhares de posseiros, pequenos proprietários, comerciantes, autoridades municipais, índios, negros, imigrantes europeus e fanáticos religiosos versus forças militares, coronéis e seus jagunços,  sobrou o trágico saldo de mais de 20 mil mortos.

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Um filme de Sylvio Back

O diretor retoma o tema trabalhado em A Guerra dos Pelados, de 1971, mas de forma surpreendente: relatos são feitos por mensagens espirituais transmitidas por trintas médiuns. Em outro documentário, em que aborda o suicídio do pintor Miguel Bakun, Back já havia recorrido ao transe mediúnico.

 

A estreia nacional do filme coincide com o registro de cem anos do início do conflito entre Paraná e Santa Catarina, deflagrado em 22 de outubro de 1912 no Combate do Iraní. Depois de quatro anos de guerra, envolvendo milhares de posseiros, pequenos proprietários, comerciantes, autoridades municipais, índios, negros, imigrantes europeus e fanáticos religiosos versus forças militares, coronéis e seus jagunços,  sobrou o trágico saldo de mais de 20 mil mortos.

Sylvio Back volta a investigar a Guerra do Contestado

 

clip_image003 Milícia a serviço dos "coronéis" do Contestado. Foto de Claro Jansson

Um dos mais importantes e provocativos documentaristas brasileiros, Sylvio Back está amolando o sabre para mais uma investida no cipoal de mitificações da História do Brasil. Dessa vez, será a Guerra do Contestado, que empapou de sangue o sertão catarinense entre 1912 e 1916. Às vésperas das filmagens de O Contestado – Restos Mortais, O episódio já havia sido objeto de um filme de ficção de Back, A Guerra dos Pelados (1971), sua maior aproximação à vertente glauberiana do Cinema Novo.

O Contestado - Restos Mortais" é o registro detalhado sobre esta guerra centenária, ocorrido no estado do Paraná e de Santa Catarina. O documentário dirigido por Sylvio Back conta com os depoimentos de historiadores e médiuns incorporados, relatando as batalhas de um povo

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Coleção História Geral da África em português

 
 
 
 
Coleção História Geral da África em português

Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África está agora também disponível em português. A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês; e sua versão condensada está editada em inglês, francês e em várias outras línguas, incluindo hausa, peul e swahili. Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África, pois ela permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida de dentro do continente. A coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.

Brasília: UNESCO, Secad/MEC, UFSCar, 2010.

Volume I: Metodologia e Pré-História da África (PDF, 8.8 Mb)

  • ISBN: 978-85-7652-123-5

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Lei das cotas pode ser ampliada para Ciência sem Fronteiras

 

Lei das cotas pode ser ampliada para Ciência sem Fronteiras, diz ministro

Segundo Mercadante, lei será aplicada quando bolsista falar inglês.
Ministério deve lançar 'Inglês sem Fronteira' e exame de proficiência gratuito.

Notícias de 15/10/2012 indicam que poderá serem aceitas reinvincicações do Movimento Negro.

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Encontro no CNPq com EDUCAFRO 22 de abril 2012

 

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse nesta segunda-feira (15/10) que a lei de cotas pode ser ampliada para o Ciências sem Fronteiras. O programa prevê concessão de 101 mil bolsas para estudantes brasileiros em universidades do exterior até 2014.

De acordo com Mercadante, as cotas devem ser aplicadas quando o bolsista atingir proficiência em inglês ou em outra língua.

 

Educafro Brasilia 673

Encontro no CNPq com EDUCAFRO 22/4/2012 onde foram discutidas as COTAS PARA O CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS

“Existe a possibilidade das cotas serem ampliadas para o Ciências sem Fronteiras. Dependendo da avaliação que a gente fizer de como [o programa] está se comportando. Os estudos preliminares são bem positivos", disse Mercadante.

Educafro Brasilia 693

CNPq com EDUCAFRO 22/4/2012 onde foram discutidas as COTAS PARA O CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS

saiba mais

O governo federal publicou nesta segunda, no "Diário Oficial da União", o decreto que regulamenta a lei que garante a reserva de 50% das vagas nas universidades federais, em um prazo progressivo de até quatro anos, para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas. O critério de seleção será feito de acordo com o resultado dos estudantes no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).

Mercadante informou ainda que o ministério vai lançar ainda neste ano o “Inglês sem Fronteiras”.

Educafro Brasilia 705 CNPq com EDUCAFRO 22/4/2012 onde foram discutidas as COTAS PARA O CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS

“Não adianta dizer que tem uma política de cotas, sem proficiência em inglês. Se não, só posso mandar para Portugal”, disse.

De acordo com o ministro, cerca de 150 mil alunos que tiraram mais de 600 pontos no Enem vão ser classificados pelo exame Test of English as a Foreign Language (Toefl), que será aplicado gratuitamente, de proficiência em inglês e poderão fazer curso presencial, ou semipresencial, de acordo com o desempenho.

O Toefl é um dos exames de proficiência em inglês mais conhecidos no Brasil e no mundo. Ele já foi administrado mais de 20 milhões de vezes desde sua criação, em 1964. O Toefl é desenvolvido pela ETS, uma instituição sem fins lucrativos dos Estados Unidos dedicada à pesquisa e testes educacionais.

 

15/10/2012 20h14 http://g1.globo.com/educacao/noticia/2012/10/lei-das-cotas-pode-ser-ampliada-para-ciencia-sem-fronteiras-diz-ministro.html

Fotos Hugo Ferreira

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Debate sobre adoção de cotas raciais na USP emperra na Justiça

 

Hédio Frei Colagem Cancelamento B

Uma audiência de conciliação entre a USP e entidades que defendem a reserva de vagas de ensino superior para negros, marcada para hoje, foi cancelada pelo Tribunal de Justiça após a universidade apresentar a possibilidade de realizar um seminário sobre o tema.

via Folha de SP - Educação

 

Definição da raça para acesso a cotas será somente por autodeclaração
Governo instala 'Estado racial', diz sociólogo
Cotas mostram 'compromisso', afirma professor

As ONGs têm cinco dias para recorrer da decisão. O cancelamento foi determinado pelo desembargador Marrey Uint, da 3ª Câmara de Direito Público do TJ.

Desde 2004, a Educafro (Educação para Afrodescendentes e Carentes) e o Ceert (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) tentam pelas vias judiciais fazer com que a USP apresente um programa de cotas para afrodescendentes e pessoas carentes.

Na audiência marcada para hoje, as entidades pediriam a apresentação de um estudo para as cotas já para o vestibular de 2013. O mesmo desembargador que havia marcado a audiência, porém, aceitou o pedido da universidade e a desmarcou.

Ao ser questionada sobre o cancelamento da audiência, a USP informou que irá fazer um seminário sobre o tema dentro da universidade e que isso já foi discutido com as entidades que pedem a implementação de um sistema de cotas na instituição.

A USP dispõe de um sistema de inclusão de alunos carentes, chamado Inclusp (Programa de Inclusão Social), para estimular a entrada de estudantes egressos da escola pública, segundo a universidade.

Entre as medidas do sistema está o Pasusp, que concede a candidatos que cursaram os ensinos fundamental e médio na rede pública bônus de até 15% da nota.

O advogado das duas ONGs, Hédio Silva Júnior, ex-secretário estadual de Justiça (em 2005 e 2006), disse que a USP nunca apresentou um estudo que mostrasse a eficácia de seu sistema para beneficiar os negros e mais pobres.

"A USP tem mais alunos africanos do que negros brasileiros. O único professor negro da entidade também era africano e já se aposentou", afirmou Silva Júnior.

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

http://www1.folha.uol.com.br/educacao/1169794-debate-sobre-adocao-de-cotas-raciais-na-usp-emperra-na-justica.shtml

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Lei de Cotas dívida do Brasil com jovens pobres

Dilma: Lei de Cotas contribui para saldar dívida do Brasil com jovens pobres

 

A presidente Dilma Rousseff disse hoje (15/10) que o decreto que determina a reserva de metade das vagas de universidades e institutos federais para alunos de escolas públicas, negros e índios contribui para saldar uma dívida histórica do Brasil com os jovens pobres. A regulamentação da chamada Lei de Cotas está publicada na edição desta segunda-feira do Diário Oficial da União.

“Nosso objetivo, com essa lei, é ampliar o acesso às nossas universidades e aos nossos institutos federais para os jovens das escolas públicas, para os negros e para os índios. Essas universidades e os institutos estão entre os melhores do país e, muitas vezes, as pessoas vindas das escolas públicas têm dificuldade de ter acesso à universidade pública”, explicou Dilma.

No programa semanal Café com a Presidenta, ela destacou que as universidades e os institutos federais terão quatro anos para implantar a Lei de Cotas de forma integral, mas que os processos seletivos para matrículas em 2013 já precisam oferecer uma reserva de vagas de 12,5%. “É bom ressaltar que a lei vale para todos os cursos – inclusive, aos mais procurados, como medicina e engenharia, por exemplo”, disse.

Dilma lembrou que o Programa Universidade para Todos (ProUni) é outra possibilidade de acesso às universidades federais, pois oferece bolsas de estudo parciais e integrais a pessoas de baixa renda. Segundo ela, 1,1 milhão de estudantes no país já foram beneficiados pelo programa, que exige um bom desempenho do aluno no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Quem não for aprovado no ProUni, de acordo com a presidente, pode recorrer ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies), que financia as mensalidades de faculdades particulares. Atualmente, 570 mil estudantes fazem cursos universitários em todo o país com o apoio do Fies, que também exige boas notas no Enem. “Quero dar um conselho para os quase 6 milhões de jovens que vão fazer as provas do Enem agora em novembro: que vocês peguem firme e estudem bastante, porque o Enem pode mudar a vida de vocês

Lei de Cotas nas universidades amplia acesso à educação

Lei de Cotas nas universidades vai ampliar acesso à educação, diz Dilma

Regra entra em vigor hoje e deve garantir 50% das vagas aos cotistas.
A presidente também falou de outros incentivos, como o Prouni e o Enem.

 

Do G1, em São Paulo

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (15), durante seu programa de rádio “Café com a presidenta”, que a Lei de Cotas – em vigor desde a manhã – vai melhorar o acesso à educação no país e “saldar uma dívida histórica do Brasil com nossos jovens mais pobres”. A lei tem foco nos estudantes de escolas públicas, negros e índios.

A partir do ano que vem, as universidades terão que destinar 12,5% das vagas para alunos cotistas – inclusive as instituições que utilizam as notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como parte do processo seletivo. "A lei vale para todos os cursos, inclusive os mais procurados, como medicina e engenharia", disse Dilma.

saiba mais

O objetivo, no entanto, é que essa porcentagem atinga 50% em quatro anos. "As universidades e os institutos federais vão ter que reservar metade das vagas, de todos os cursos, para os estudantes das escolas públicas, levando em conta ainda a renda da família e a cor ou raça do estudante", disse Dilma. Para ter acesso às cotas, os estudantes serão submetidos a testes seletivos.

"Estamos democratizando o acesso às universidades sem abrir mão do mérito e do esforço de cada aluno", falou.

Além da Lei de Cotas, a presidente Dilma Rousseff citou vários programas ligados à educação que, segundo ela, garantem um maior acesso ao ensino no país.

Dilma falou sobre o Prouni (Programa Universidade para Todos) que já beneficiou 1,1 milhão de estudantes do país, de acordo com a presidente. Ela também falou sobre do Fundo deFinanciamento Estudantil, que dá crédito ao estudante para pagar a graduação e garante um período prolongado além da conclusão do curso para quitar o valor. Segundo a presidente, 570 mil jovens fazem cursos universitários com algum apoio do Fies.

Sobre o Enem, adotado por algumas universidades federais como processo seletivo para todos ou parte de seus cursos, a presidente lembrou os estudantes de se esforçarem na preparação para as provas. "Eu quero dar um conselho para os quase 6 milhões de jovens que vão fazer as provas do Enem agora em novembro: que vocês peguem firme e estudem bastante, porque o Enem pode mudar a vida de vocês."

Além de ser usado nos vestibulares, o Enem é critério de acesso ao Programa Ciência sem Fronteiras, que dá bolsas para estudo no exterior, segundo a presidente.

Dilma parabenizou os profissionais da educação pelo dia dos professores. “A vitória de cada aluno é também de vocês”, disse a presidente.

http://g1.globo.com/educacao/noticia/2012/10/lei-de-cotas-nas-universidades-vai-ampliar-acesso-educacao-diz-dilma.html

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

América “descobrimento” o encobrimento da verdade.

 

A Conquista da América é filha de “grandes esperanças de lucro” (Cristóvão Colombo)

12 de outubro data em que Colombo chegava as ilhas das Caraíbas (Antilhas) e mais tarde a costa do Golfo do México na América Central.

 

Provável retrato de Colombo em pormenor de "Virgen de los Navegantes" pintado por Alejo Fernández entre 1500 e 1536, atualmente na "Sala de los Almirantes", no Reales Alcázares de Sevilla

Cristóvão Colombo (República de Génova, 1451 — Valladolid, 20 de Maio de 1506) foi um navegador e explorador genovês, responsável por liderar a frota que alcançou o continente americano em 12 de Outubro de 1492, sob as ordens dos Reis Católicos deEspanha, no chamado descobrimento da América. Empreendeu a sua viagem através do Oceano Atlântico com o objectivo de atingir a Índia.

 

Para se relembrar:

 

 

“Brasil 500 anos: do "descobrimento" ao "encobrimento" da alteridade do outro "(parte 1).

 

 

 

1. Brasil: 500 anos de quê?

2. O encobrimento do outro

3. A dominação européia: "em nome de deus"

4. O mito do "ego" moderno

5. 500 anos de exploração

6. A continuidade do colonialismo

7. Bibliografia

I - BRASIL: 500 ANOS DE QUÊ?

Ao celebrar os 500 anos do "descobrimento" do Brasil, chegada do homem europeu ao "novo" mundo, julga-se oportuno refletir sobre o que foi considerado o "mito" da modernidade, ou seja: a supremacia da razão instrumental moderna (européia), sobre o "outro", atrasado, diferente, desconhecido e por isso considerado bárbaro (índio, nativo).

Pretende-se, a seguir, apresentar algumas idéias sobre a temática "Brasil 500 anos", onde a dominação cultural (histórica e filosófica), religiosa e política aparecerão implícitas. Tais argumentos seguem a fundamentação teórica de Beozzo, Dussel, Las Casas, Leon-Portilla e Todorov. Celebração significa festejar, comemorar; quem festeja e comemora ao mesmo tempo recorda, recordar é trazer à memória. Por isso pergunta-se: vamos celebrar (trazer à memória) 500 anos de que?

1.1. O encobrimento do outro

A História Oficial brasileira sempre foi contada pelos vencedores, nunca pelos derrotados. Preocupou-se com heróis da classe poderosa, nomes importantes da mesma classe, datas a decorar, fatos que não refletiram e não refletem a verdadeira realidade do povo que foi, e ainda é, massacrado. Frente a isso, é possível celebrar e festejar os 500 anos do "descobrimento" do Brasil?

A História brasileira é uma farsa que deve ser desvelada, porque omite a verdade dos fatos. Além do mais, compactuar com o "descobrimento" do Brasil é aceitar e justificar a dominação do homem europeu, que chegou por estas terras com a intenção de dominar e enriquecer, e omitir que, antes de 1500, já existia uma civilização milenar vivendo por aqui, com quarenta mil anos de história dos povos indígenas. Abordar os 500 anos, nada mais é do que seguir um caminho que nos leva até à Europa, à história medieval, ao direito romano, à filosofia grega e à Bíblia.

O encontro das duas culturas (européia x nativa das américas) foi o confronto trágico de duas forças em que uma pereceu necessariamente, um encontro nada amigável de duas civilizações: uma considerada "desenvolvida" (a européia), por conhecer certas tecnologias (a irrigação, o ferro e o cavalo) versus a nativa (desconhecida, por isso "bárbara"), ensimesmada com a natureza, com uma religião diferente (divindades da natureza: panteísta, a Lua, o Sol, as estrelas...), com uma organização política (império maia, asteca, inca), uma filosofia e uma cultura milenar. "Índio" foi o nome dado pelos europeus ao se confrontarem com o "outro" (habitantes das terras meridionais), e quem deu o nome acabou se apossando, ficando dono.

Bartolomeu de Las Casas nos relata as atrocidades cometidas pelos conquistadores europeus contra os habitantes destas terras, seguindo, assim, a lógica da mentalidade renascentista sustentada na supremacia da razão instrumental: "Os espanhóis, com seus cavalos, suas espadas e lanças, começaram a praticar crueldades estranhas; entravam nas vilas, burgos e aldeias, não poupando nem as crianças e os homens velhos, nem as mulheres grávidas e parturientes e lhes abriam o ventre e as faziam em pedaços como se estivessem golpeando cordeiros fechados em seu redil. Faziam apostas sobre quem, de um só golpe de espada, fenderia e abriria um homem pela metade, ou quem, mais habilmente e mais destramente, de um só golpe lhe cortaria a cabeça, ou ainda sobre quem abriria melhor as entranhas de um homem de um só golpe". A violência era uma prática comum: atiravam crianças contra os rochedos, esfacelando suas cabeças, jogavam outras nos rios, faziam forcas baixas na medida que os índios quase tocassem com os pés no chão, passavam a fio de espada crianças e mulheres, queimavam as pessoas vivas, cortavam as mãos de outras, colocavam o indivíduo em grades sobre garfos e, na parte de baixo ateavam fogo, lentamente, e, enquanto o indivíduo, aos berros, sob queimaduras, encontrava a morte, roubavam e saqueavam. Os espanhóis treinavam cães carniceiros, próprios para matar índios: "(...) despojados de qualquer piedade, ensinavam cães a fazer em pedaços um índio à primeira vista. Esses cães faziam grandes matanças e como, por vezes, os índios matavam algum (cão), os espanhóis fizeram uma lei entre eles, segundo a qual por um espanhol morto faziam morrer cem índios".

Milhões de vidas humanas foram ceifadas pela ganância do homem europeu "civilizado". Tzvetan Todorov relata que "em 1500 a população mundial devia ser da ordem de 400 milhões de pessoas, dos quais 80 habitavam as Américas", sendo que, no século seguinte "restavam apenas 10 milhões". Já no Brasil, segundo Oscar Beozzo, antes de 1500, a população indígena era estimada em torno de 4 a 6 milhões de pessoas vivendo com suas culturas, religiões, com mais de 2.200 línguas diferentes; hoje, não passam de 230 mil pessoas.

Tráfico de crianças africanas no século 19

No ápice do tráfico, Brasil recebeu 775 mil crianças escravas

 

Imagem publicada no Illustrated London News em 20 de junho de 1857 - Cortesia da New York Public Library

Crianças escravas aparecem em imagem de 1857 (Cortesia New York Public Library)

Pelo menos 775 mil crianças africanas foram escravizadas e levadas para o Brasil nos primeiros cinqüenta anos do século 19, em um período em que o tráfico negreiro atingiu o ápice de sua sofisticação, indicam dados cruzados a partir de novas informações sobre a era da escravidão.

Crianças foram ganhando a preferência dos traficantes porque, entre outros aspectos, eram mais "maleáveis" que adultos, indicam novas pesquisas publicadas duzentos anos após a lei britânica que proibiu o comércio de escravos.

No fim da era escravagista, um em cada três africanos escravizados era criança, nas estimativas do historiador David Eltis, da Universidade de Emory, em Atlanta, um dos maiores especialistas mundiais no tema.

Segundo Eltis, cerca de 12,5 milhões de escravos deixaram a costa da África entre 1500 e 1867, quando se tem registro do último carregamento. Em torno de 10 milhões chegaram aos seus destinos nas Américas.

Nos cálculos do pesquisador, dos 5,5 milhões de pessoas que tinham como destino o Brasil, apenas 4,9 milhões desembarcaram em portos brasileiros.

'Maleáveis'

Os dados de Eltis indicam que quase 2,3 milhões de escravos foram enviados ao Brasil entre 1800 e 1850 – destes, ele acredita que 775 mil eram crianças.

A alta proporção de menores de 15 anos entre os escravos já era conhecida dos pesquisadores – há estimativas que a colocam em até metade do total –, mas novos dados oferecem novas explicações para este fato.

Um estudo de caso publicado na última edição do Journal of Economic History pelos pesquisadores David Richardson, da Universidade britânica de Hull, e Simon Hogerzeil, do Centro Psicomédico Parnassia holandês, mostrou que crianças reagiam melhor à travessia que os adultos.

Richardson disse à BBC Brasil que, além disso, "no fim da era escrava havia uma percepção geral, por parte dos mercadores, de que as crianças eram mais maleáveis que os adultos, que poderiam ser treinadas em habilidades específicas".

Analisando 49 viagens de navios negreiros holandeses entre 1751 e 1797, os pesquisadores observaram que crianças eram compradas antes, porque reagiam melhor à experiência traumática.

Comparada à de um adulto, sua taxa de mortalidade era a metade, calcularam os pesquisadores.


Rugendas retratou o sofrimento dos negros em Nègres à Fond de Cale - Cortesia da New York Public Library

No fim da era escrava havia uma percepção geral, por parte dos mercadores, de que as crianças eram mais maleáveis que os adultos, que poderiam ser treinadas em habilidades específicas.

David Richardson, historiador

Assim, uma criança tinha mais chance que um adulto de passar longos períodos – até um ano, no caso estudado – dentro de um navio negreiro, entre todas as fases do tráfico.

Antes que o navio zarpasse para a viagem transatlântica propriamente dita, uma criança passava em média quatro meses dentro da embarcação – um prazo mais de 40 dias superior ao passado por homens.

"Em outras palavras, as estratégias de compra dos mercadores expunham crianças a riscos por mais longos períodos de tempo que os adultos", disse Richardson.

Em uma viagem típica, os navios da Middelburgsche Commercie Compagnie, que operava no oeste africano, zarpariam com 253 escravos, perderiam 33 ao longo do trajeto e venderiam 220 nas Américas.

Sobrevivência

As observações dos pesquisadores não eliminam a validade de explicações levantadas anteriormente, que atribuíam a forte escravização de crianças à escassez de adultos em determinadas áreas da África.

Outra razão, levantada em entrevista à BBC Brasil pelo historiador Manolo Florentino, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destaca que senhores brasileiros podem ter sentido necessidade de "importar" mais mulheres e crianças para garantir mão-de-obra futura caso o tráfico negreiro fosse proibido.

Richardson e Hogerzeil destacaram, no entanto, que as condições de aprisionamento dos homens adultos podem estar relacionadas às taxas de mortalidade menores de crianças.

Os homens, comprados aos poucos durante a "fase de carregamento" do navio, entravam em grande quantidade no final da etapa, a menos de um mês ou até a menos de uma semana da partida, verificaram os pesquisadores.

"As condições dos escravos no momento da embarcação é criticamente importante para determinar por que eles sucumbiam mais durante a travessia", diz o estudo.

"Isto pode estar associado a pressões sobre os capitães para levar homens adultos para satisfazer as expectativas dos compradores, o que os encorajava a ser menos rigorosos na seleção."

"Os homens também eram tipicamente vistos como instigadores de rebeliões dentro dos navios, e sofriam mais fatalidades durante esses incidentes."

"Além disso", justificam os pesquisadores, "os homens eram normalmente encarcerados em celas separadas de mulheres e crianças, e normalmente ficavam presos por ferros, sobretudo quando o navio ainda estava próximo da África".

Pablo Uchoa*
De Londres

* Colaborou Sílvia Salek, de Londres.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/04/070405_criancas_escravas_pu.shtml