sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Salve o Almirante Negro! - Homenagem que a Ditadura Militar não apagou

 

HOJE na HISTÓRIA – 6 de Dezembro de 1969
JOÃO Cândido a Revolta da Chibata e o Encouraçado POTEMKIN.
►MORRIA um dos líderes da Revolta da Chibata, JOÃO CÂNDIDO Felisberto, também chamado de Almirante Negro, aos 89 anos, em um dia como este, no Rio de Janeiro. Ele liderou a revolta da Chibata, que denunciou o uso sistemático da violência dentro da Marinha do Brasil contra marinheiros de baixa patente.

NOS CAMINHOS do mar, João Cândido conheceu muitos lugares, onde pode aprender sobre seu ofício e sobre a luta dos trabalhadores.
►NUMA das viagens que fez à Grã-Bretanha, em 1908, ficou sabendo da revolta dos marinheiros russos (do Encouraçado POTEMKIN), acontecida em 1905, na qual reivindicavam melhor alimentação e condições de trabalho.

Gravação histórica ao vivo, feita durante a sessão musical, com voz e violão (Happy Hour), que aconteceu no Restaurante Dom Maior, no centro do Rio de Janeiro, dia 20 de agosto de 2010.
Apresento aqui, pela primeira vez, uma das "versões" da letra original, sem a censura que ela sofreu em 1974, durante a ditadura militar no Brasil.
Como foi a primeira vez que eu a cantei, e em clima de improviso, pois resolvi fazer isso momentos antes, algumas vezes eu mencionei as palavras da letra censurada, que a Elis e o João Bosco gravaram, em plena ditadura militar, e que ainda estão fortes no meu subconsciente, apesar do Aldir ter brincado com essas trocas e colocado palavras que dão um sentido esquisito pra letra ! :)
Depois de gravar esse vídeo, descobri que existem várias "versões" desta letra original, na internet ...
Por sorte, encontrei um vídeo da Elis cantando - no Chile - a versão original.
http://www.youtube.com/watch?v=g7N1zt...
Pretendo, brevemente, gravar outro vídeo, com essa versão, que - cantada pela Elis, lá no Chile, na própria época de lançamento da música e em plena ditadura militar ( ... a brasileira ...) eu considero definitiva e que transcrevo abaixo:
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O Mestre-Sala dos Mares (título liberado)
Compositores: Aldir Blanc e João Bosco
Ano: 1973
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"ALMIRANTE NEGRO" (Título original)
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(Letra original)
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como Almirante Negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar, na alegria das fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos negros pelas pontas das chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do marinheiro gritava - não!
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o Almirante Negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo...

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Outras ótimas informações sobre João Cândido (o Almirante Negro), a Revolta da Chibata, a experiência de Aldir Blanc e João Bosco frente à censura desta letra, durante a ditadura militar brasileira.
http://www.dhnet.org.br/memoria/texto...
http://www.artilhariacultural.com/?p=...
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3...
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_...
http://recantodasletras.uol.com.br/co...

domingo, 26 de junho de 2016

Operação Brother Sam e o Golpe de 64

Operação Brother Sam: Golpe de 64 teve apoio dos EUA.

A Operação Brother Sam foi desencadeada pelo governo dos Estados Unidos, sob a ordem de apoiar o golpe de 1964 caso houvesse algum imprevisto ou reação por parte dos militares que apoiavam João Goulart (Jango), consistindo de toda a força militar da Frota do Caribe, liderada por um porta-aviões da classe Forrestal da Marinha dos Estados Unidos e outro de menor porte, além de todas as belonaves de apoio requeridas a uma invasão rápida do Brasil pelas forças armadas americanas.

 

  • General Emílio Garrastazu Médici (Arena), à esquerda, aparece ao lado do presidente norte-americano Richard Nixon, em visita aos EUA, em 1971

    General Emílio Garrastazu Médici (Arena), à esquerda, aparece ao lado do presidente norte-americano Richard Nixon, em visita aos EUA, em 1971

A Operação Brother Sam foi um movimento da Marinha norte-americana em apoio aos militares que depuseram o governo João Goulart (PTB), no dia 31 de março de 1964, ou no 1o. de abril

Quando as tropas lideradas pelo general Olímpio Mourão Filho se deslocaram de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, na madrugada do dia 31, havia receio, por parte dos Estados Unidos, de que o golpe falhasse ou que as forças que apoiavam Goulart - inclusive militares - ensaiassem algum tipo de resistência.

Nada disso, porém, aconteceu. O golpe foi bem-sucedido e, da parte do governo, não houve qualquer tentativa de se opor aos participantes do golpe, embora o presidente tivesse sido pressionado por seus apoiadores a ter um papel mais ativo com relação ao levante. Jango, contudo, diante da vitória militar, optou pelo exílio no Uruguai.

As versões da história favoráveis ao presidente dão conta, é claro, de que sua saída do país não ocorreu por medo ou fraqueza, mas, sim, por saber que a resistência poderia levar a uma guerra civil - inclusive, com apoio norte-americano às forças insurgentes. Nesse caso, os Estados Unidos estariam prontos a participar do conflito por meio da Operação Brother Sam.

 

 

O ex-presidente João Goulart (PTB), mais conhecido como Jango, deposto da Presidência da República pelo golpe militar de 1964, na Vila Militar do Rio de Janeiro imagem: Acervo Última Hora

A presença dos EUA na política brasileira

A partir de meados dos anos 1950, o Brasil deu início a uma política externa relativamente independente dos Estados Unidos, o que não significa que o país tenha se afastado dos EUA. A presença norte-americana no Brasil, especialmente na economia, ainda era muito forte. Porém, o governo brasileiro passou a estabelecer contatos também com países que, internacionalmente, eram inimigos declarados dos Estados Unidos - caso de Cuba e da China, ambos comunistas.

Pele 72

Copa do Mundo de 1970: Pelé levanta a Taça Jules Rimet conquistada no México, ao lado do presidente Emílio Garrastazu Médici (Arena). Além da conquista da Copa, no governo de Médici ocorreu um dos períodos de maior repressão e violência da ditadura

Quando pensamos nesses acontecimentos dentro do contexto mais amplo da Guerra Fria, que opôs os Estados Unidos à União Soviética, temos, então, o pano de fundo internacional em que ocorreram os golpes militares na América Latina. Antes de uma intervenção direta, o governo norte-americano optou pela saída diplomática e pelos pesados investimentos na economia de países em que julgava haver perigo de um golpe comunista. Este era o caso do Brasil.

Marcha 64

Multidão se reúne em frente à Catedral da Sé, na região central de São Paulo, durante a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 19 de março de 1964. O movimento foi uma reação do clero conservador, do empresariado e da direita, em geral, contra as reformas do então presidente João Goulart (PTB). O presidente acabou deposto no dia 31 de março no golpe militar

Em um segundo momento, mais radicalizado, a opção foi pelo apoio a grupos civis de direita. Nas eleições de 1962, por exemplo, os Estados Unidos financiaram várias campanhas políticas de civis identificados com o governo norte-americano. Entretanto, a vitória de políticos mais à esquerda, somada a questões internas, precipitou o início da terceira e decisiva fase de participação dos Estados Unidos na política brasileira: o apoio à investida militar contra um governo constitucionalmente eleito.

Frota Broter

A Operação Brother Sam foi desencadeada pelo governo dos Estados Unidos, sob a ordem de apoiar o golpe de 1964 caso houvesse algum imprevisto ou reação por parte dos militares que apoiavam João Goulart (Jango), consistindo de toda a força militar da Frota do Caribe, liderada por um porta-aviões da classe Forrestal da Marinha dos Estados Unidos e outro de menor porte, além de todas as belonaves de apoio requeridas a uma invasão rápida do Brasil pelas forças armadas americanas.

A investida dos EUA contra regimes democráticos

A morte do presidente John Kennedy, em 1963, também representou uma inflexão na política externa dos Estados Unidos. O então secretário assistente de Estado para Negócios Interamericanos dos EUA, Thomas Mann, declararia, já em março de 1964, que "os Estados Unidos não mais procurariam punir as juntas militares por derrubarem regimes democráticos". Estava dada a senha para o golpe contra Goulart.

As articulações para o golpe, contudo, não ocorreram apenas dentro do círculo militar. A perspectiva de intervenção dominava o debate entre políticos civis desde a crise sucessória de 1961, quando à renuncia de Jânio Quadros (PTN) seguiu-se uma grave crise política contra a posse de Jango.

Diante das eleições presidenciais de 1965 e da impossibilidade constitucional para que Goulart se reelegesse, alguns políticos, temendo que o presidente pudesse dar um golpe de Estado, apoiaram a intervenção. Acreditavam que ela seria curta, como garantiria o futuro presidente Castello Branco (Arena). A ditadura, porém, durou bem mais que o planejado pelos insurgentes civis - alguns, inclusive, alcançados pela repressão do próprio regime que haviam defendido.

O deslocamento das tropas norte-americanas

Por uma questão meramente cronológica, a Operação Brother Sam, deflagrada em 31 de março de 1964, nada teve a ver com o golpe contra o governo Jango. Afinal, as tropas norte-americanas não chegariam ao litoral brasileiro a tempo. Serviriam, contudo, para intimidar qualquer forma de resistência e, caso ela de fato ocorresse, aí, sim, apoiar materialmente os militares insurgentes.

A operação consistiu no deslocamento da frota da Marinha norte-americana estacionada na região do Caribe para o litoral brasileiro. O apoio logístico em favor dos golpistas fora solicitado pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, com quem as forças insurgentes já mantinham contatos visando o suporte norte-americano à derrubada do governo Jango.

Os Estados Unidos haviam autorizado o envio de cem toneladas de armas leves e munições, navios petroleiros, uma esquadrilha de aviões de caça, um navio de transporte de helicópteros com 50 unidades a bordo, tripulação e armamento completo, um porta-aviões, seis destróieres, um encouraçado, um navio de transporte de tropas e 25 aviões para transporte de material bélico.

Nem tudo, porém, chegou a ser enviado para o Brasil; e o que foi, nem mesmo foi utilizado. Afinal, não houve qualquer resistência do governo deposto e o golpe superou em muito as expectativas militares.

educacao.uol.com.b

Vitor Amorim de Angelo

Fonte educacao.uol.com.b

  Vitor Amorim de Angelo