domingo, 16 de outubro de 2011

O século das revoluções

O Século das Revoluções

Nesta teleaula você vai estudar as revoluções que aconteceram na Europa e na América no fim do século XVIII. Verá que elas têm a ver com o fim do poder absoluto do rei, que era a marca do Antigo Regime. Alem disso, entenderá por que a Revolução Francesa foi um dos acontecimentos mais importantes da História, do ponto de vista da cidadania.
Dividido em dois vídeos, o texto é base para estudos.



Vídeo no. 1 de 2

Texto O século das revoluções – Aula 29

A burguesia, que comandou a expansão comercial da Idade Moderna, adotou as novas idéias dos filósofos racionalistas do século XVIII. Essas idéias forneceram os argumentos utilizados na luta contra o despotismo e a favor da igualdade de direitos - entre eles o anticlericalismo, a razão e a experimentação.
A Inglaterra foi a precursora. A Revolução Gloriosa de 1688 colocou um ponto final no absolutismo dos reis ingleses. No restante da Europa, o fim do Antigo Regime deu-se com o impacto violento da revolução:
· Em 1776, as colônias inglesas da América do Norte declararam-se independentes;
· Pouco depois, em 1789, a Revolução Francesa pôs fim ao Antigo Regime.
Os demais países da Europa atacaram a Revolução Francesa. Napoleão a defendeu e difundiu seus princípios em outros países. A derrota de Napoleão anunciava o triunfo da reação anti-revolucionária.

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A Europa em 1789

Mas o absolutismo parecia ferido mortalmente. As revoluções na América Portuguesa e Espanhola contribuíram para enfraquecer ainda mais os impérios coloniais ibéricos. A Europa assistiu a um século de revoluções nacionais que eclodiram em vários países.
Ao mesmo tempo, ocorreram grandes transformações sociais por causa da difusão do maquinismo. A Revolução Industrial, fruto da renovação das ciências e das técnicas, inaugura a época em que vivemos. A qualidade de vida da maior parte da população européia, entretanto, não sofreu melhora significativa com a adoção do liberalismo e dos valores burgueses.
Na realidade, o governo da minoria aristocrática do Antigo Regime foi substituído pelo governo da minoria burguesa. Os protestos de trabalhadores urbanos e camponeses tornaram-se cada vez mais freqüentes durante o século.
A burguesia fez o que pôde para tentar controlar a situação, embora nunca estivesse predisposta a abrir mão de seus privilégios econômicos em troca de uma melhor distribuição da renda. A classe trabalhadora, principal aliada da burguesia contra o Antigo Regime, tornou-se, no transcorrer do século XIX, sua principal inimiga.

O fim do absolutismo

No final do século XVIII, vários setores da sociedade começaram a se manifestar contra o absolutismo. As desigualdades, as injustiças e o empobrecimento generalizado provocaram um profundo mal-estar entre os habitantes que não gozavam dos privilégios concedidos pelo Antigo Regime à nobreza e ao clero.
O sistema político vigente continuava excluindo aqueles que arcavam com o peso dos impostos.

O movimento revolucionário

O desejo generalizado de reforma atingiu todas as camadas sociais da população européia.
Os camponeses não agüentavam os impostos e as obrigações feudais.
A burguesia ansiava pelo fim dos privilégios da nobreza e do alto clero e desejava participar das decisões de governo.
A nobreza e o alto clero apoiavam a monarquia constitucional, na expectativa de desempenhar um papel mais importante no governo.
O resultado desse choque de interesses com a monarquia foi a revolução, que derrubou o Antigo Regime.

Antecedentes

Quase todos os países da Europa experimentaram revoltas e rebeliões contra os príncipes e reis absolutistas. O movimento mais importante ocorreu na
Inglaterra, no século XVII, onde o rei Carlos I foi decapitado. O primeiro grande sucesso na luta contra o Antigo Regime foi a independência das colônias inglesas da América do Norte.

A Revolução Americana (1776-1783)

As prósperas colônias inglesas da América do Norte gozavam de certa autonomia. Em cada uma delas havia um governador, representante do poder metropolitano. Os assuntos internos eram resolvidos por uma assembléia de representantes. Todos os cidadãos tinham acesso a essas assembléias.
Após a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), a Inglaterra quis cobrar impostos para compensar os gastos. Instituiu o imposto do selo e várias tarifas alfandegárias, prejudicando os interesses dos colonos. Em 1773, após a instituição de um imposto sobre o chá, os colonos se rebelam no porto de Boston. O rei Jorge III ordenou o fechamento do porto e enviou 10 mil soldados para submeter os rebeldes.
A partir desses incidentes, representantes das treze colônias se reuniram num congresso na cidade de Filadélfia, em 1774. Os colonos decidiram criar um exército nacional para enfrentar as forças enviadas pela Inglaterra. Era o início da luta entre os colonos norte-americanos e a metrópole.
Em 1776, as colônias se declaram independentes. Após sete anos de luta, auxiliados pela França e a Espanha, os colonos norte-americanos derrotaram as forças inglesas. Na Paz de Versalhes, em 1783, a Inglaterra reconheceu a independência das treze colônias e cedeu territórios para a França e a Espanha.

Os Estados Unidos da América

Em 1787, os Estados Unidos promulgaram uma Constituição, na qual se proclamaram uma República Federativa sob os seguintes princípios:
· a divisão dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário;
· a forma republicana de governo;
· mantinha-se a escravidão.
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George Washington, primeiro presidente dos Estados Unidos.

O exemplo da bem-sucedida rebelião dos colonos ingleses se espalhou por todo o continente americano. Em Minas Gerais, os inconfidentes de 1789 se inspiraram nela para conspirar contra a dominação portuguesa.
A Revolução Americana abriu a primeira fissura no Antigo Regime. Poucos anos depois, os franceses se sublevaram contra o absolutismo.

A Revolução Francesa (1789-1799)

A França foi o país no qual os efeitos do absolutismo mais se fizeram sentir. As guerras imperialistas empobreceram o tesouro; os impostos sobre o campesinato e a burguesia tornaram-se cada vez mais pesados e insuportáveis.
A revolta não tardou a eclodir.

O reinado de Luís XVI

Luís XVI assumiu o trono francês num momento calamitoso. As injustiças e os impostos abusivos que recaíam sobre a burguesia e o campesinato complicaram a situação ainda mais.
O ministro Turgot propôs reformas que foram rejeitadas pela nobreza.
O ministro Necker, banqueiro suíço a serviço de Luís XVI, conseguiu, por meio de empréstimos, evitar a falência do Estado. Ao publicar os gastos da corte, foi demitido do cargo que ocupava.
A nobreza boicotava todas as tentativas de reforma. Os custos da participação francesa na Revolução Americana foram fatais para a economia do país, que, além disso, sofria vários anos de más colheitas.
No verão de 1788, a França se declarou em bancarrota.

Os Estados-Gerais: a Assembléia Nacional

Para superar a crise, Luís XVI convocou uma reunião dos Estados-Gerais, nos quais estavam representadas as três ordens do reino. O Terceiro Estado representava a maioria e era contra o voto por ordem. O rei, pressionado pela nobreza, dissolveu os Estados-Gerais.
Os representantes do Terceiro Estado não acataram a ordem e se autoproclamaram uma Assembléia Nacional, dispostos a dar uma Constituição ao reino. O rei aceitou e pediu a incorporação das outras ordens à Assembléia. A formação da Assembléia Nacional marcou o início da derrubada do absolutismo na França.

A Assembléia Constituinte: o governo popular

O rei havia cedido apenas para ganhar tempo. Enquanto isso, concentrou tropas nos arredores de Paris, para prender os deputados. A atitude do rei provocou um motim popular: o povo de Paris tomou a Bastilha, presídio do Antigo Regime, no dia 14 de julho de 1789.
Era o início da revolução. Enquanto isso, os camponeses assaltavam os castelos da nobreza, queimando os documentos e as obrigações feudais. Em Paris, formou-se a Comuna, ou governo popular.
Esta organizou uma guarda nacional e adotou a bandeira tricolor como estandarte.
Diversos segmentos da sociedade formaram clubes políticos que atuaram na Assembléia Constituinte. O mais importante foi o dos jacobinos, que incluía entre seus membros
clip_image006 A queda da Bastilha.
A massa invadiu o palácio de Versalhes, obrigando a família real a voltar a Paris. Muitos nobres fugiram para o exterior, onde incitaram vários governos estrangeiros a intervir contra o novo regime.
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Os revolucionários Robespierre, Danton e Marat.

O fim do absolutismo

A Assembléia conseguiu restabelecer a ordem e implementou várias reformas:
· decretou o fim da servidão, dos privilégios, dos dízimos da Igreja, dos tribunais excepcionais e de títulos de nobreza;
· instituiu a igualdade no pagamento dos impostos;
· proclamou, em 26 de agosto de 1789, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, inspirada nas idéias de liberdade, igualdade e fraternidade, colocando um fim à tortura e às perseguições religiosas.
· reformou o Exército, para permitir que a burguesia participasse dele, e reformou o Poder Judiciário;
· confiscou os bens do clero, da Coroa e dos nobres que haviam fugido para o exterior;
· reorganizou a Igreja: os bispos passaram a ser eleitos pelo povo e ficaram submetidos à autoridade do governo
· adotou o casamento civil e o divórcio e suprimiu ordens religiosas.

A fuga do rei

Em julho de 1791, Luís XVI tentou escapar com sua família para a Áustria.
Foi reconhecido em Varennes, perto da fronteira, e levado de volta para Paris.
A comuna o acusou de traição, mas manobras políticas fizeram uma conciliação.
Poucos dias depois, a Constituição foi promulgada. A partir de então, a França seria governada por uma monarquia constitucional.
O rei presidia o Poder Executivo, sancionava as leis ou podia vetá-las durante um prazo de dois anos. Sua pessoa era inviolável.
O Poder Legislativo era exercido pela Assembléia Legislativa, eleita pelos cidadãos proprietários. O Poder Judiciário também era exercido por cidadãos eleitos.
As comunas autônomas, governos locais, foram reconhecidas.

A monarquia constitucional (1791-1792)

Os clubes políticos se mobilizaram para eleger os deputados da
Assembléia Legislativa. Os republicanos eleitos eram chamados de girondinos, pois a maioria deles vinha da região de Bordéus, também chamada de Gironda. Os girondinos representavam a rica burguesia moderada e eram antimonarquistas. Em pouco tempo, dominaram a Assembléia.
Enquanto o rei se recusava a votar as leis contra a nobreza e o clero, os nobres emigrados conspiravam contra o novo regime no exterior. Em 1792, a Assembléia Legislativa declarou guerra à Áustria e à Prússia, que protegiam a maioria dos nobres emigrados. A Assembléia recorreu ao recrutamento em massa para formar um exército e deter os inimigos.
O rei foi preso, acusado de tramar contra o regime. A Assembléia então convocou a Convenção Nacional para escrever uma nova Constituição. O jornal de Marat incitava o povo a eliminar os traidores dentro da França.
O povo tomou as prisões e matou membros da nobreza e do clero.
Enquanto isso, o exército revolucionário derrotava os prussianos em Valmy.
Desde então, a Marselhesa tornou-se o canto do exército revolucionário.
Exércitos franceses tomaram a Bélgica, a Holanda e o norte da Itália. Esses países se proclamaram repúblicas aliadas e adotaram os princípios revolucionários da igualdade e da liberdade.

A Convenção: a República jacobina (1792-1795)

Nas eleições para a Convenção, os deputados jacobinos (nome derivado do convento em que se reuniam) assumiram a liderança do processo, propondo a abolição da monarquia e a adoção da República.
Em meio a isso, Luís XVI foi condenado à morte. Perdeu a cabeça na guilhotina em janeiro de 1793. No interior, monarquistas contrários à revolução se sublevaram, iniciando a guerra civil. Com a morte do rei, a situação piorou: a Áustria liderou uma coalizão européia contra a França.

clip_image010 Decapitação de Luis XVI

Em pouco tempo, os girondinos, acusados de não defender a fundo os interesses da Revolução, também foram considerados “inimigos do povo” e enviados para a guilhotina. Os jacobinos tomaram o poder e instituíram o Comitê de Salvação Pública, formado por nove membros eleitos pela Assembléia.
O comitê, presidido por Robespierre, instituiu o terror jacobino: perseguiu nobres, girondinos e todos aqueles que contrariavam suas decisões. Milhares de vítimas morreram na guilhotina. Apesar disso, os exércitos revolucionários organizados pelo Comitê conseguiram destruir a coalizão européia em poucas semanas.
Com o fim da ameaça externa, o terror jacobino não se justificava mais.

A reação termidoriana

No dia 28 de julho de 1794, um golpe liderado por um grupo de convencionais destituiu o Comitê de Salvação Pública. Robespierre e seus companheiros foram enviados para a guilhotina. Era o fim do terror jacobino.
Em outubro de 1795 foi proclamada a segunda Constituição, que garantiu:
· a liberdade de ensino: a instrução primária tornou-se obrigatória e gratuita;
· o sufrágio universal;
· a adoção do sistema métrico decimal;
· a reforma agrária com as terras do Estado;
· a execução de obras públicas para criar empregos;
· leis contra os atravessadores e especuladores.
Durante esse período, os princípios revolucionários de liberdade e igualdade foram amplamente difundidos em toda a Europa.

O Diretório (1795-1799)

Para evitar uma nova ditadura, o governo ficou nas mãos de um Diretório, formado por cinco membros eleitos pelo Poder Legislativo. Mas o Diretório não conseguiu manter a ordem interna nem conter as disputas entre os diversos partidos políticos. A corrupção existente desmoralizou os governantes.
Foi quando surgiu um jovem general vitorioso, comandante do exército do interior. Com um golpe de Estado no dia 9 de novembro de 1799 - ou 18 Brumário, segundo o calendário adotado pelos revolucionários -, Napoleão Bonaparte iniciou uma nova fase no processo revolucionário.
 
Continuação ou fim da Revolução Francesa?

2o. vídeo do  Século das Revoluções

 
 
Exercícios
Exercício 1
O que derrubou o Antigo Regime?
Exercício 2
Aponte os motivos que provocaram o movimento de independência das colônias inglesas da América do Norte?
Exercício 3
Enumere as medidas tomadas pela Assembléia no ano de 1789. Quais foram as conseqüências dessas medidas?

La Marseillaise
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La Marseillaise (A Marselhesa, em português) é o hino nacional da França. Foi composto pelo oficial Claude Joseph Rouget de Lisle em 1792, da divisão de Estrasburgo, como canção revolucionária. A canção adquiriu grande popularidade durante a Revolução Francesa, especialmente entre as unidades do exército de Marselha, ficando conhecida como A Marselhesa.

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