quinta-feira, 19 de maio de 2011

Da crise da República ao fim do Império Romano

Crise da República ao fim do Império Romano

Texto para o Novo Telecurso - Ensino Médio

A conquista de novos territórios acabou enriquecendo um pequeno grupo de famílias que se encarregaram de governar e administrar as riquezas. Ser governador de uma província era o mesmo que ter ganho um atestado de riqueza. Foi assim que um pequeno grupo, ligado ao Senado, tornou-se praticamente dono da república.

As causas das lutas sociais

Após as guerras, as terras conquistadas eram repartidas entre soldados e colonos romanos. Na realidade, essas terras foram entregues a minorias privilegiadas, ligadas ao Senado. Formaram-se, assim, grandes propriedades, chamadas latifúndios, cultivadas por milhares de escravos, que chegavam como prisioneiros de guerra.
Com a mão-de-obra gratuita dos escravos, os produtos dos latifúndios chegavam a Roma com preços muito baixos, arruinando os pequenos produtores.
Para saldar suas dívidas, os colonos tiveram de vender suas terras aos próprios ricos, e acabaram por se juntar ao imenso batalhão de desempregados e mendigos que viviam em Roma.
Não demorou para que se formassem dois partidos, cujos interesses eram radicalmente opostos.
  1. De um lado, o Partido Senatorial, formado pela minoria, queria que as coisas ficassem como estavam.
  2. Do outro lado, o Partido Popular, mais numeroso, mas carente de líderes que o organizassem, lutava para diminuir os poderes do Senado.
RESULTADO: A luta entre os partidos foi áspera e violenta, e terminou numa sangrenta guerra civil.
Os reformistas

Nesse clima de disputa, surgiram personagens que se dedicaram a promover reformas para melhorar a situação social da maioria dos cidadãos.
O líder do Partido Popular não demorou a surgir. Em 133 a. C., Tibério
Graco foi eleito tribuno. Apesar de ser de uma família patrícia, Tibério simpatizava com as causas populares. Ele propôs a lei da Reforma Agrária, em que o Estado deveria dividir as terras em benefício das famílias pobres.
 
Irmãos Gracos Tibério e Caio Graco
Os ricos, ligados ao Partido Senatorial, assassinaram Tibério e o seu projeto foi esquecido. Dez anos depois, seu irmão mais novo, Caio Graco, aprovou leis que beneficiaram os pobres, distribuindo comida e combatendo o desemprego.
Também propôs medidas simpáticas ao Partido Senatorial. Quando tentou conceder a cidadania romana aos demais habitantes da península Itálica, enfrentou a oposição de ricos e pobres, morrendo assassinado pelo Partido Senatorial, em 121 a.C.
Caio-Mario Caio Mario
Pouco tempo depois do assassinato de Caio Graco, o partido Popular elegeu Caio Mário, militar filho de camponeses. Os sucessos militares de Mário fortaleceram sua posição no partido. A partir desse momento, o exército romano deixou de ser nacional para tornar-se uma força fiel ao chefe. Mário foi eleito cônsul durante seis anos seguidos. Apesar disso, as tão desejadas reformas não se concretizaram.

A primeira guerra civil

Enquanto os dois partidos se desafiavam, aconteceu uma rebelião na Ásia Menor. O Senado declarou a guerra contra Mitridates, rei do Ponto, e nomeou Sila, líder do Partido Senatorial, que já havia sufocado uma revolta de italianos contra o poder romano, como comandante do exército. O Partido Popular não aceitou a nomeação de Sila. Foi o início da guerra civil.
Cornelius Sila Sila
Os dois partidos lutaram nas ruas até que Sila venceu. O Partido Popular foi esmagado e o Partido Senatorial revogou todas as leis que concediam benefícios aos pobres.
Quando terminou a guerra contra Mitridates, Sila teve de voltar para Roma às pressas. Mário havia retornado e iniciado a perseguição aos senatoriais. Sila tornou a entrar com suas tropas em Roma, disposto a derrotar Mário definitivamente.
Mário morreu no meio do conflito; e os populares, mal-organizados, não conseguiram enfrentar as tropas de Sila. Após uma terrível matança, Sila dominou a cidade.
O Senado o nomeou ditador perpétuo. Sila decretou a pena de morte para os membros do Partido Popular. Milhares de pessoas foram vítimas de torturas e assassinatos. Sila também aproveitou para reformar as leis, conforme os interesses de seu partido.
  • O Senado se transformou na autoridade máxima da república.
  • Os tribunos e os comícios populares perderam todo o poder.
Em contrapartida, Sila incentivou a construção de obras públicas e distribuiu terras entre os soldados, para diminuir o desemprego.
Em 79 a.C., Sila devolveu seus poderes ao Senado e retirou-se.

A luta pelo poder

Depois da retirada de Sila, a liderança do Partido Senatorial ficou por conta dos novos cônsules, os generais Pompeu e Crasso. Eles revogaram as leis repressivas, restabeleceram o poder dos tribunos e diminuíram o poder do Senado. Dessa maneira, a situação política ficou mais equilibrada.
Apesar disso, Roma teve de lidar com várias revoltas, como a de Espártaco, em 72 a.C., que comandou uma sublevação de mais de 70 mil escravos. Também os piratas do Mediterrâneo, aproveitando a confusão, desorganizaram o comércio de Roma.
Esses acontecimentos proporcionaram um bom pretexto para que Pompeu aumentasse sua popularidade, esmagando o que restava da sublevação de escravos.

O primeiro triunvirato

Quando Pompeu anunciou que voltaria a Roma, o Senado promoveu uma campanha difamatória, procurando desmoralizá-lo. A essa altura dos acontecimentos, o tribuno Caio Júlio César voltara da Espanha, onde havia realizado um excelente governo. Pompeu aliou-se a Júlio César e a Crasso para derrotar o Senado, em 60 a.C. Eles juraram que apoiariam uns aos outros na repartição das magistraturas. Isso permitiu que governassem sem o Senado. O pacto entre os três foi chamado de triunvirato, o governo de três varões.
Esse pacto, entretanto, não durou muito tempo, pois, mais cedo ou mais tarde, o governo seria exercido por um só homem, o mais forte dos três.

Júlio César (100 a. C.-44 a. C.)

Júlio César sempre simpatizou com as causas populares, pois também era sobrinho adotivo de Mário. Ocupou todos os cargos públicos que um cidadão romano podia ocupar. Além disso, aprovou uma nova lei agrária e reformou as demais leis. Foi assim que conquistou a confiança dos mais pobres e o temor do Senado.

A segunda guerra civil

Após conquistar a Gália, César tornou-se o homem mais poderoso de Roma. Insatisfeito, Pompeu rompeu a aliança do triunvirato e juntou- se ao Partido Senatorial. Ele forçou o Senado a proclamá-lo ditador e exigiu que César voltasse para Roma sem os seus exércitos. Estimulado pelas tropas que liderava, César atravessou o rio Rubicão com seu exército, o que era proibido pelas leis romanas. Começava a segunda guerra civil.
César, vitorioso, entrou em Roma, escolheu um novo Senado e anistiou, ou seja, perdoou, todos os seus opositores. Uma vez tomadas essas medidas, perseguiu Pompeu, que fugiu para o Egito. Lá foi assassinado, e César elegeu Cleópatra rainha do Egito.
Depois de derrotar os últimos aliados de Pompeu, César foi proclamado o pai da pátria e pôde, então, realizar várias reformas.
Detalhe de estátua de Júlio César.clip_image002

A ditadura de César

César foi nomeado ditador perpétuo e imperator, que significava chefe absoluto das forças de mar e terra, além de pontífice máximo, ou seja, principal sacerdote romano.
A preocupação fundamental de César foi a reorganização da administração romana. Realizou várias reformas muito importantes.
  • Fez com que o Senado fosse internacionalizado, ou seja, seus 900 membros não seriam apenas cidadãos nascidos em Roma.
  • Decretou o fim da escravidão por dívidas, repartiu terras e fundou colônias.
  • Moralizou a administração, realizou grandes obras públicas e reformou o calendário. (Atualmente, utilizamos o calendário juliano instituído por Júlio César.)
O fim de César

A aristocracia dos senadores não suportava a idéia de que César se tornasse rei. Para impedir que isso ocorresse em 44 a.C., César foi assassinado com
28 punhaladas, uma delas dada pelo filho adotivo, Bruto. Quando o viu no meio dos assassinos César lhe disse: “Até tu, Bruto?”.

O segundo triunvirato

Após o assassinato, Marco Antônio, Otávio e Lépido formaram o segundo triunvirato. Iniciaram-se perseguições. Quase todos os membros do Senado foram aniquilados. Finalmente, decidiram dividir o governo em três partes.
Lépido renunciou ao seu quinhão. Só restaram Otávio e Marco Antônio: um dos dois estava “sobrando”.
clip_image004A pintura mostra o momento em que César é assassinado.

A terceira guerra civil

O governo de Otávio pôs fim às perseguições. Enquanto isso, Marco Antônio se instalou em Alexandria e casou-se com a rainha Cleópatra. Ele prometera a
Cleópatra que a transformaria em rainha de Roma. Otávio usou isso como pretexto para livrar-se de Marco Antônio, declarando guerra ao Egito. Em 31 a.C., a frota egípcia foi derrotada, e Cleópatra e Marco Antônio se suicidaram. A partir daquele momento, o Egito passou a ser uma província romana.
Otávio era o único dono do poder em Roma. Ele inaugurou uma nova forma de governo, o império, que durou quinhentos anos.

O império cristão

Os romanos sempre foram tolerantes com outras crenças e religiões. Apesar disso, alguns imperadores rejeitaram o cristianismo e o consideraram um
“perigo público”. Para eles, o cristianismo não era apenas uma nova crença, mas um novo sistema de vida que se contrapunha ao romano. Cristo pregava o amor, a misericórdia e o perdão: o que importava era levar uma vida virtuosa.
Os cristãos rejeitavam os cultos pagãos e se recusavam a reverenciar o imperador como se fosse um deus.
As perseguições
O confronto entre os cristãos e as autoridades imperiais começou trinta anos após a morte de Jesus e se prolongou durante três séculos, com intervalos.
Em geral, a atitude do Estado romano diante do cristianismo era de indiferença.
Alguns imperadores perseguiam os cristãos porque eles se recusavam a pagar impostos e a adorar os deuses oficiais do Estado.
A falta de moral e a situação calamitosa do império no século III inverteram essa situação. A partir da conversão do imperador Constantino, o cristianismo se tornou a religião oficial do império.

Constantino e o triunfo cristão

Ao vencer uma batalha contra um aspirante a imperador, Constantino se converteu ao cristianismo e promulgou o Edito de Milão (ano 313), estabelecendo a liberdade de culto em todo o império.
A partir desse momento, e dada a crise generalizada, o cristianismo ganhou terreno. Ele prometia, a homens e mulheres, a salvação pessoal. Além disso, as comunidades cristãs ofereciam serviços, tais como cuidado de crianças e sustento dos desprotegidos. Começam a surgir os primeiros templos e escolas públicas cristãs.
Nessa época, a igreja cristã adotou o cerimonial imperial e se submeteu ao controle do Estado romano.

O desmoronamento do Império do Ocidente

Assim como o cristianismo conquistou o império por dentro, outros invasores quebraram o poder militar que mantinha as fronteiras.
O avanço dos hunos, vindos das estepes asiáticas, provocou o deslocamento dos povos germânicos próximos das fronteiras romanas. Em 378, 200 mil visigodos invadiram o império e ocuparam a Trácia. Outros povos germânicos imitaram o exemplo dos visigodos e, em pouco tempo, a penetração de povos germânicos tornou-se violenta. Visigodos e vândalos saquearam Roma e o império

Os germanos que invadiram o Império do Ocidente não viviam em cidades.

As cidades se reduziram a fortificações: a decadência da vida urbana é uma das principais marcas do novo período histórico que se inicia. A economia tornou se estritamente agrícola: a produção dos campos apenas dava para alimentar os trabalhadores rurais e sustentar os senhores das terras.
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Invasões bárbaras

O Império do Oriente

A parte oriental do Império Romano sobreviveu durante mais mil anos.
A partir do século VI, o Oriente começava uma vida própria, e a Europa
Ocidental iniciava um longo período de reconstrução.
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Reinos Bárbaros e o Império do Oriente - Bizâncio

A cultura romana e seu legado

Roma deixou para o mundo um legado construído ao longo de mil anos.
Povo de organizadores deixou-nos um sistema de direito. O respeito que os romanos tinham pela cultura dos submetidos lhes deu uma civilização internacional. Mas eles também foram responsáveis pela romanização de vários povos. Seus valores eram assimilados pelos demais povos europeus e continuaram regendo a vida das pessoas durante o período que ficou conhecido como Idade Média.

Exercícios
Exercício 1 Quais foram as causas das lutas sociais durante a república?
Exercício 2 O que foi a “orientalização” do império?
Exercício 3 Por que o cristianismo ganhou terreno dentro do Império Romano?

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